quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Mulher em verso e prosa





"Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça". A poesia de Vinicius de Morais e Tom Jobim, ícones da música popular brasileira nos remete a um de tipo de produção artística que exalta as qualidades do gênero feminino. A mulher elogiada, cortejada, romantizada, amada. Linda, mais que demais, você é linda sim (canta Caetano).

Infelizmente, estamos vivenciando um momento muito trágico, chulo e agressivo no âmbito da cultura e na forma como as mulheres são retratadas. Nos bailes funks, o feminino foi transformado em frutas, verduras, uma grande feira com mulher melancia, mamão, melão, abacaxi, jaca, cenoura, batata...

O forró eletrônico (hollywoodiano) incorpora nas suas apresentações, balé circense especializado em estimular a produção de testosterona em suas coreografias, mantendo aquele velho estereótipo da mulher objeto. O pagode tem a capacidade de criar uma anti-poesia, uma anti-prosa que humilha e rebaixa a mulher chamando-a de coisas tão horríveis que não é interessante reproduzir essas frases preconceituosas.

A mulher nos últimos cinquenta anos vem ocupando espaços e modificando sua representação social. A famosa Amélia que tinha um papel de gerenciar a casa e depender das finanças do marido, já contrasta com uma mulher que se insere no mercado de trabalho, é independente financeiramente e atua no mundo político com muito destaque. No próximo ano (2010), teremos três mulheres candidatas á presidência da república, isso é muito significativo.

Nesse sentido, algumas questões devem ser discutidas como: por que esse modelo de feminino não é retratado por esses "músicos", "poetas"? por que a necessidade de ferir o feminino? Será que a mulher é problema para essa gente?

Sabemos que existem artistas, poetas, agitadores culturais, comprometidos com um trabalho que valoriza e respeita a dignidade humana, mas esse povo não aparece para as multidões, não entra na pauta da ração dominical que tem a necessidade de reafirmar o ridículo e o superficial.

Quem perde com tudo isso somos nós e principalmente as mulheres que são maltratadas e ridicularizadas com tudo que vai sendo criado para tentar desconstruir uma história e uma imagem do feminino que foi conquistada com muita luta.. Esse palavreado grosseiro e essa visão tacanha e limitada precisa ser combatida.

O verso e a prosa em torno do gênero feminino devem pautar a sua beleza, o seu encanto e a sua mágica para conquistar os seus sonhos e viver a vida. E como canta Benito: "Agora chegou a vez, vou cantar, mulher brasileira em primeiro lugar", "mulher brasileira é feita de amor".
(Ivandilson Miranda Silva
)
http://www.textolivre.com.br/livre/19395-mulher-em-verso-e-prosa


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