domingo, 31 de outubro de 2010

O Legado Lutzenberger


"Peço licença aos leitores do Blog Alma de Mulher.
A cada mês, o blog apresenta grandes mulheres, algumas, esquecidas pela história. Este mês, no entanto, o blog faz uma justa homenagem
a um homem admirável: José A. Lutzenberger.
Sua história é um exemplo para todos nós, homens e mulheres.
Conheça agora um Grande Homem."
(Kris R.)









"Me interesso muito pouco pela minha pessoa. Olho sempre para a frente. Custo a entender que estou com 75 anos."

"A Alemanha fez penitência pelo holocausto. Mas o Brasil ainda deve a sua pelo que fez com os índios e os negros. "

"O livre mercado não resolve tudo, até porque é manipulado. O mercado só vê demanda, não vê necessidades. Os mercados são cegos para as gerações futuras."




Quem foi Lutzemberger?

Este renomado protetor da natureza ganhou mais de 40 prêmios, 25 distinções e dez homenagens.

José Antônio Lutzenberger, importante ecologista e agrônomo brasileiro, participou ativamente na luta pela conservação e preservação ambiental. Foi dele a autoria de "O manifesto ecológico brasileiro". Foi secretário-especial do Meio Ambiente da Presidência da República de 1990 a 1992.

Em 1971, depois de treze anos como executivo da Basf, abandonou a carreira para denunciar o uso indiscriminado de agrotóxicos nas lavouras do Rio Grande do Sul. A partir de então se dedicou à natureza e defendeu o desenvolvimento sustentável na agricultura e o uso dos recursos renováveis, alertando para os perigos do modelo de globalização em vigor.

A partir da década de 1970, desenvolveu uma série de atividades voltadas à defesa do meio ambiente. Entre estas estão a criação da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), em 1971, e a Fundação Gaia, em 1987. Além disso, se destacou pela organização de programas de agricultura biológica em intercâmbio com diversos países.

Participou de mais de oitenta encontros nacionais e mais de quarenta internacionais. Entre os quarenta prêmios que recebeu está o The Right Livelihood Award (Nobel Alternativo), 25 distinções e inúmeras homenagens especiais.

Lutz, como era conhecido, escreveu diversos livros, dos quais um dos mais notáveis é Fim do futuro? - Manifesto Ecológico Brasileiro, de 1976. Coordenou também os estudos ecológicos do Plano Diretor do Delta do Jacuí (RS), tendo papel importante na implantação do Parque Municipal do Lami, em Porto Alegre, (que hoje leva seu nome), e do Parque Estadual da Guarita, em Torres, entre outras atividades.

Em março de 1990, foi nomeado secretário-especial do Meio Ambiente da Presidência da República, em Brasília, durante o governo de Fernando Collor de Mello, onde permaneceu até 1992. Nesse período, teve papel decisivo na demarcação das terras indígenas, em especial a dos índios Yanomami, em Roraima, na decisão do Brasil de abandonar a bomba atômica, na assinatura do Tratado da Antártida, na Convenção das Baleias e na participação das conferências preparatórias da Conferência Mundial do Ambiente, a Rio-92.

Lutzenberger faleceu em 2002, com 75 anos. Seu sepulcro está próximo a uma árvore, em um bosque do Rincão Gaia, em Pantano Grande.



Fundação Gaia Localizada em Pantano Grande (RS), a fundação atua na área de educação ambiental e na promoção de tecnologias socialmente compatíveis, tais como a agricultura regenerativa (ecológica), manejo sustentável dos recursos naturais, medicina natural, produção descentralizada de energia e saneamento alternativo.

A sede rural leva o nome de Rincão Gaia, área de 30 hectares situada sobre uma antiga jazida de basalto, e que se tornou exemplo de recuperação de áreas degradadas. O lugar é habitado por diversas espécies silvestres, como a jaçanã, o martim-pescador, o ratão-do-banhado, a lontra, a coruja-das-torres, e outras espécies animais. Além disso, lá funciona o centro de educação ambiental e de divulgação da agricultura regenerativa.
Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Lutzenberger www.fgaia.org.br http://www.portal25.com/index.php?a=19&h=atual/curios01/cur014&l=1


BIBLIOGRAFIA
  • Manual de Ecologia - Do Jardim ao Poder - Vol. 1
Lutzenberger, Jose / L&PM Sinfonia Inacabada - A Vida de José Lutzenberger Dreyer, Lilian / Vidicom
  • Ecologia: do Jardim ao Poder
Jose Lutzenberger Editora: L&PM


Trecho do excelente documentário "Lutzenberger: For Ever Gaia" de Frank Coe e Otto Guerra. O ambientalista José Lutzenberger, figura de grande expressão no movimento ecológico brasileiro e internacional, aponta problemas cada vez mais atuais. Neste trecho aponta para os absurdo da sociedade de consumo.

poavive 18 out. 2009







http://www.fgaia.org.br/

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

CIÊNCIA E TECNOLOGIA

onde está a Mentira?
José A. Lutzenberger
Seminário de Abertura - Março l995 Universidade do Mato Grosso



Vivemos hoje uma civilização universal, o Industrialismo Global, que se tornou uma religião fanática. Ela se sobrepõe a todas as religiões e ideologias tradicionais. Não se diz religião. Sua doutrina atual não foi anunciada por nenhum profeta. Ela não tem livro santo nem catecismo explícito, mas a doutrina é tão forte que é confundida com senso comum e é aceita e seguida quase sem exceções pelos poderosos em todo mundo, sejam quais forem os regimes políticos. Ela é o alicerce do poder dos governos.

Mesmo antes do falecimento do chamado Comunismo, já era assim. Aliás, as diferenças entre Capitalismo e Comunismo são da mesma natureza que as diferenças entre Protestantismo e Catolicismo. Assim como estes têm a mesma doutrina básica, ambos são cristãos, Capitalismo e Comunismo querem a mesma coisa - desenvolvimento industrial sem limite. A diferença está na forma de administração. Catolicismo e Comunismo têm Papa infalível, doutrina rígida e explícita e facilmente classificam os que discordam, de "hereje" ou "inimigo de classe" e os perseguem. O Capitalismo é mais sutil, procura absorver, envolver, doutrinar subliminarmente. Onde não consegue integrar e dominar, aliena, desmoraliza e marginaliza.

O que está acontecendo não é a previsão de George Orwell em seu livro "1984", que previa um estado todo poderoso, totalmente repressivo, que, com tecnologia sempre mais sofisticada e envolvente, controlaria até a vida privada do cidadão. Está se concretizando a previsão de Aldous Huxley em seu livro "Brave New World", ou "Admirável Mundo Novo", versão em português. Este previa uma situação contrária, igualmente perniciosa, ou pior, porque mais inescapável - um poder difuso, quase invisível, supostamente democrático, que se impõe pela desinformação, pelo apelo a atitudes egoístas, hedonistas e mesmo orgiásticas.

Uma vez, em uma palestra para estudantes universitários, procurei mostrar os estragos sociais e ecológicos do consumismo. Um jovem me interpelou: "mas onde fica a felicidade das pessoas, se não houver consumo?" Lindo exemplo de assimilação inconsciente da doutrina imperante.

O dogma básico desta religão diz que o "crescimento econômico" é a medida de todo sucesso, é a medida de progresso, de prosperidade. Este crescimento não pode parar nunca.

Mas, nesta fé, crescimento econômico se mede em PNB, Produto Nacional Bruto, também chamado de Produto Social Bruto, PSB, ou Interno Bruto, PIB. Este índice econômico é a soma de todos os faturamentos numa economia nacional. Inicialmente, como PNB per capita, servia apenas para avaliar a média das rendas, o que, naturalmente, nada nos diz sobre a justiça social num país. Que significa a média entre a renda do usineiro nordestino, que anualmente chupa milhões em subsídios, e a miserável renda de seu bóia fria? O PNB, no entanto, passou a ser índice para medir e comparar progresso. Mas ele só mede atividade, não distingue entre atividade desejável e indesejável.

Digamos que a poluição e a degradação ambiental cheguem a ponto de causar violenta deterioração na saúde pública. Construíremos mais hospitais e ambulatórios, haverá mais gastos com médicos, enfermeiras, medicamentos, ambulâncias, funerárias, o índice crescerá da mesma maneira que ele cresce com atividade realmente produtiva. Os economistas, ao invés de medir mais sofrimento, estarão medindo mais prosperidade. O mesmo acontece com desastres, guerras, terremotos, devastação florestal. Até a corrrupção, o crime e a droga fazem crescer o PNB.

O crescimento assim medido, não pode parar. Seus custos geram, inclusive, mais crescimento. Em Washington, em reunião preparatória para a cúpula do meio ambiente no Rio de Janeiro, a ECO-92, ouví o Presidente George Bush, depois, na própria cúpula, a Primeira Ministra da Noruega, Gro Bruntland, mentora da Conferência, em palavras diferentes, dizerem a mesma coisa: "precisamos de mais crescimento para termos os recursos para arrumar os estragos que já temos."

Instrumento supremo para atingirmos este alvo é a Tecnologia, que precisa desenvolver-se sem freios, pois ela é vista como uma espécie de cornucópia, que nos dará sempre novos milagres, para resolver todos nossos problemas, sem fim. Sua fonte e justificativa é a Ciência.

Na prática política e administrativa já temos um conceito unificado - Ciência e Tecnologia. Quase todos os governos do mundo têm Ministérios ou Secretarias de Ciência e Tecnologia. Não conheço nenhum que os separe. A real e sagrada função da ciência, nesta visão, é a produção de novas tecnologias, de tecnologias vendáveis, de preferência patenteáveis, que levem a faturamento, sempre mais faturamento. Neste enfoque, a Ciência é apenas servo fiel da economia. Assim, consideram-se cientistas hoje, quase todos aqueles "pesquisadores" que desenvolvem novas tecnologias, mesmo que se trate apenas de encontrar uma nova fórmula para sabão ou perfume. Por outro lado, aqueles poucos que ainda fazem ciência básica, por exemplo, nos grandes aceleradores de partículas, como em CERN, para descobrir as leis mais básicas do comportamento da matéria, quando precisam pedir verbas aos governos, justificam seu trabalho com o possível aparecimento de novas tecnologias ainda não discerníveis, mas que, certamente, serão de grande valor. A simples curiosidade diante dos mistérios do Universo, não vale. A biologia molecular já está quase toda em mãos de grandes empresas transnacionais, que com ela procuram desenvolver produtos ou mesmo seres vivos patenteados. Aliás, as aves em nossos atuais campos de concentração de galinhas, já não são mais raças, são marcas registradas.

Mas o que é a Ciência, o que é Tecnologia?

É claro que, pelo conceito corrente, é isto que aí está. O "establisment" é técnico-científico-industrial, é a igreja da nova religião.

Mas, em termos filosóficos, o que é Ciência, o que é Tecnologia?

A Ciência - com C maiúsculo - é um diálogo limpo com o Universo, ou seja, com a Natureza. Ela se apoia no postulado de que o Universo não é caótico. Não existem milagres, mistérios insondáveis sim. As leis do comportamento da Natureza são universais, imutáveis e intransgredíveis. Quer dizer que as leis da física são as mesmas na galáxia longínqua que está a bilhões de anos luz de distância, eram as mesmas quando partiu de lá a luz que hoje observamos e que levou bilhões de anos para aqui chegar, e serão as mesmas enquanto durar o Universo. E, se alguém nos contar que conhece um lugar onde os rios correm montanha acima e a chuva sobe do solo ao céu, não precisamos perder tempo para ir lá verificar.

Muitos leigos, especialmente economistas e políticos, analfabetos em ciências naturais, parecem pensar que a Ciência acabará encontrando maneiras de superar as leis da Natureza. Que passaria por cima da lei da gravidade, por exemplo. Argumentam, assim, que sempre haverá tecnologia para reparar o que estragamos, que encontraremos sempre novos recursos, quando se acabarem os atuais. Mas, se hoje um Boeing 747 atravessa oceanos com 500 pessoas a bordo, a novecentos quilômetros por hora e em dez mil metros de altura, é porque os engenheiros que projetam e desenvolvem estas naves se atêm estritamente às leis da física, eles não têm como não submeter-se à lei da gravidade, às leis da aerodinâmica e outras. Qualquer desrespeito a estas leis e o avião não voa ou cai.

A Ciência quer descobrir as leis universais, imutáveis e intransgredíveis do comportamento da Natureza. Como faz para descobrí-las? Ela se empenha num diálogo absolutamente honesto com tudo o que podemos observar. Observando e comparando fatos ou fenômenos, por intuição, imaginação ou associação de idéias, concebe modelos, regras ou conjuntos de regras. Chega-se, assim, a uma hipótese. A hipótese sugere experimentos que podem refutá-la ou não. Se for refutada, não deixou de ser um bom instrumento de trabalho porque obriga a ajustes no modelo ou à procura de outro modelo. Se não for refutada, não quer dizer que não possam surgir novas observações que a refutem. Portanto, o cientista jamais poderá afirmar que encontrou a verdade absoluta, só aproximações sempre mais precisas. O que de nada adianta, são hipóteses ou afirmações que não podem ser refutadas ou conferidas.

Conheço místicos que me contam o que viram em galáxias remotas em "viagens astrais" ou o que viram no futuro. Não posso provar o contrário, tampouco eles podem me convencer. O cientista, como cientista, só pode apresentar afirmações comprováveis ou refutáveis. Precisa dizer, também, como fazer estas verificações.

A atitude básica da Ciência é o oposto da postura dos místicos. Estes, costumam afirmar que têm acesso à verdade absoluta, não admitem dúvidas. Na escola primária, nosso professor de catecismo procurava nos incutir que a maior virtude estava na fé cega, acreditar sem pedir provas. Eu tinha dez ou doze anos. Esta posição me chocava, fez nascer em mim o interesse pela Ciência e Filosofia.

Se os místicos estivessem todos de acordo, nós, os demais pobres mortais, poderíamos dizer: "Está bem, estes caras têm antenas que nós não temos, deve ser verdade." Mas não é assim, conheço tremendas discordâncias entre eles, todas apresentadas como certeza absoluta.

A Ciência não pretende apresentar verdade absoluta, ela só procura sempre mais aproximação. Sugiro aos jovens que leiam a fascinante história da Ciência, a maior aventura do espírito humano, especialmente a história da Astronomia e da Física. Em todas as disciplinas, tambem na Biologia ou na Geologia, verão como a evolução do conhecimento passa por sucessão de hipóteses e paradigmas, cada vez mais precisos e mais envolventes. Também nesse ponto, o leigo, muitas vezes, pensa que a Ciência progride pela derrubada de conhecimento anterior. Não é bem assim. O que costuma acontecer é a ampliação de horizonte e o esmero no detalhe.

Einstein não derrubou Newton, foi além, incluiu Newton numa visão mais ampla. Conseguiu assim, explicar observações que não coroboravam Newton, p.ex., a órbita de Mercúrio. Copérnico não derrubou Ptolomeu que, com as observações imprecisas da época e tomando a terra como referência, também previa eclipses, mas tinha que pressupor ciclos e epiciclos com matemática bastante complicada. A perspectiva heliocêntrica de Copérnico trouxe uma grande simplificação.

Na Genética, T. H. Morgan não derrubou Mendel, colocou-a em pespectiva mais ampla. Crick e Watson não derrubaram Morgan, aprofundaram, assim como na Geologia, a deriva dos continentes, com suas placas tectônicas, simplificou e ampliou enormemente a compreensão da evolução geológica de nossas paisagens, sem invalidar conhecimentos anteriores.

Fundamental, portanto, para o cientista é a honestidade absoluta e sem perdão. Cientista que faz trapaça, engana, mente, por definição, não é cientista. A pessoa que faz Ciência tem que ser humilde, modesta, autocrítica. Virtude básica é o ceticismo. Terá que estar disposta em qualquer momento a abandonar as suas mais queridas idéias ou explicações, cada vez que a Natureza as contradisser na observação ou no experimento. Os verdadeiros grandes cientistas eram assim. É comum hoje ouvir-se que Ciência nada tem a ver com valores ou emoções, ou com ética. Mas, esta honestidade é uma decisão ética.

A Ciência é um valor em si. Quanto mais nos aprofundamos no diálogo limpo com o Universo, mais nos damos conta de sua beleza e elegância.

Pessoalmente, gosto de definir Ciência como a contemplação da divina beleza do Universo, sem medo da emoção contida nesta frase. Sim, a Ciência é profundamente emotiva, não é nada fria. Ela é contemplativa, amorosa, está baseada em sentimentos de admiração diante do Grande Mistério.

E a Tecnologia o que é? A Tecnologia também não é fria, é muito quente. A Tecnologia aproveita-se dos conhecimentos, das informações que o diálogo limpo deu à Ciência para fazer artefatos, instrumentos. Ora, todo artefato serve a alguma vontade, a do inventor ou de seu patrão. Isto tem a ver com poder, por pequeno ou grande que seja. É uma atitude impositiva, é o contrário da atitude básica da Ciência, que é contemplativa.

Não queremos com isso dizer que a técnica é ruim em si. Pode ser boa, neutra, perniciosa, dependendo dos alvos que persegue. Mas, enquanto que a Ciência leva à atitudes de respeito, fascinação, amor, vontade de proteger, a técnica facilmente cai na agressão, é o que predomina no mundo moderno.

Vejamos uma metáfora. Digamos que um cientista e um tecnocrata se encontram diante de um espetáculo da Natureza. Estão observando o Pão de Açúcar no Rio. O cientista se encanta com aquele gigantesco monolito, uma rocha inteiriça de seiscentos metros de altura, com uma só fenda vertical. Terá que pensar como os milhões de anos de erosão geológica a deixaram com aquela forma. Conhecendo o material da rocha, gneiss, saberá que a Serra do Mar, da qual faz parte, surgiu uns seiscentos milhões de anos atrás, quando a deriva dos continentes empurrava a América do Sul em direção contrária à atual, que, do outro lado, está fazendo crescer os Andes. Da geologia irá até a cosmologia. Vislumbrará a formação do nosso sistema solar, uns quatro e meio bilhões de anos atrás. Saberá que os elementos mais pesados, além do hidrogênio e hélio, sem os quais nosso planeta não existiria ou seria apenas uma bola de gases, só podem ter-se originado muito antes do nascimento do nosso sol, numa supernova, centenas de milhões ou mesmo bilhões de anos antes. Quanto mais pensar em tudo isto, mais fascinado estará. Maior ainda será a fascinação quando observar a vida que cobre a rocha: os líquens, musgos, cactos, bromélias e outras plantas epílitas, os insetos e aves, mamíferos, répteis, o que hoje sobra de bosque na base, a vida no mar circundante. Terá que pensar no mais fantástico processo que conhecemos: a Vida em seus três e meio bilhões de anos de evolução orgânica, um processo sinfônico estonteante que, entre as milhões de formas e comportamentos dos seres vivos, da bactéria e alga microscópica à baleia e sequóia, também deu origem à nossa espécie, à nossa capacidade de percepção, de encantamento diante desta fantástica maravilha. Quanto mais observar, mais comovido estará, mais amor sentirá, mais sofrerá com os estragos que hoje se constatam.

Já o tecnocrata, vê as coisas de maneira bem diferente. Ele se pergunta: "que podemos fazer com isso? Além do potencial turístico, será que contém algum minério importante que podemos explorar? Quanto podemos ganhar com isso? Quem sabe, demolindo uma parte, aterrando o mar, poderemos obter grandes lucros na especulação imobiliária?" E, assim por diante.

As atitudes da Ciência e da Tecnologia são ambas profundamente emotivas, mas as emoções são de sinal contrário.

A Ciência e a Tecnologia, é claro, são inseparáveis. Assim como a Tecnologia se aproveita da Ciência, esta não progride sem a outra, sem telescópios, microscópios, aceleradores de partículas, lasers, chips e computadores, uma infinidade de instrumentos de medida cada vez mais precisos e sofisticados. O casamento é indissolúvel, mas é difícil, as partes têm caráter oposto. Um é contemplativo, o outro impositivo.

Na Ciência, como vimos, não pode haver mentira, por definição! Mas, observemos atentamente as tecnologias e, sobretudo, as infra-estruturas tecno-burocráticas que hoje predominam. Estão cheias de mentira, trapaça, logro, insinuação enganosa. É claro que as respectivas técnicas, em si, são tão perfeitas quanto possível, a mentira está nos objetivos, no uso e no aproveitamento destas pelo poder estabelecido.

Vejamos: no carro moderno, o motor, o carburador, a distribuição, refrigeração, engrenagens, transmissão, os pneus são verdadeiras maravilhas técnicas, inimagináveis no tempo do "Ford de bigode". Mas, mudar quase todos os anos o modelo, modificando os enfeites, os plásticos do stop e das sinaleiras, o parachoque (de plástico) que não passa de enfeite também, insinuar status, isto é mentira. Está no mesmo nível moral da vigarice.

Uma das maiores trapaças da tecnologia moderna está na política da obsolência planejada, ou seja, no envelhecimento premeditado dos objetos, com as mudanças desnecessárias de modelo ou "styling" (este anglicismo já é para enganar), e com peças calculadas para não durarem, ou sistemas que não permitem reparação. O auge desta trapaça está no objeto de um só uso.

A lata de alumínio para cerveja ou refrigerante, usada uma só vez e jogada no lixo ou pela janela do carro, não deixa de ser de um objeto de grande técnica, mas é um absurdo energético. Pelas informações que tenho, sua fabricação consome cerca de um KWH por unidade. Ela é também um crime ecológico. Os três mil quilômetros quadrados de floresta prístina inundada em Tucuruí e as montanhas demolidas em Carajás têm a ver com este crime. Este tipo de lata nos foi apresentado como uma nova etapa no progresso - a lata anterior, de ferro, já era um absurdo - mas nenhum esforço foi feito para esclarecer o público consumidor dos custos ecológicos e sociais desta técnica.

No supermercado, as embalagens excessivas, super luxuosas, com etiquetas enganosas são outra mentira com grandes custos ambientais. Custos perfeitamente evitáveis, caso houvesse "marketing" honesto. Se a tecnologia fosse sempre honesta não haveria necessidade do tremendo aparato de publicidade que nos bombardeia a cada passo, que já insiste até em transformar os bebês em consumidores desenfreados. Infelizmente a maioria das pessoas é tão alienada, ou tão acostumada está, que não se dá conta do insultante que é grande parte desta publicidade.

No feudalismo medieval o exercício do poder era simples, eu diria honesto, porque aberto. Era através da força, as técnicas aplicadas eram transparentes para todos. Impossível confundir forca com arado. Hoje a situação é bem mais complexa e o exercício do poder nas chamadas democracias é bem mais sutil. O ideal da tecnocracia são estruturas tecno-burocráticas sempre mais envolventes e inescapáveis.

Aos jovens estudantes de agronomia sugiro que procurem entender o que aconteceu na agricultura nos últimos 50 a 70 anos. O camponês tradicional (infelizmente, em nosso país, com exceção do sul, predominou sempre o latifúndio), em termos sistêmicos, na economia como um todo, era esquema autárquico de produção e distribuição de alimentos. Ele produzia seus próprios insumos. O esterco de seus animais e o manejo orgânico mantinham a fertilidade do solo. A energia era humana e animal, ambas vinham de seu solo, era energia solar, fotossíntese. No mercado semanal, o camponês entregava seus produtos praticamente na mão do consumidor. Esta é a razão porque, em português, ainda dizemos, segunda, terça, quarta-feira, etc. Os poucos instrumentos e equipamentos que usava eram feitos pelo artesão, ferreiro ou marceneiro da aldeia, que também contava como camponês. Naquela situação, entre quarenta e sessenta por cento da população trabalhava na agricultura.

Argumenta-se hoje que a agricultura moderna, a agricultura empresarial é fantasticamente mais eficiente que a agricultura camponesa tradicional. Isto porque, em países do chamado Primeiro Mundo, só dois por cento ou menos da população são agricultores. Dois por cento da população seriam capazes de alimentar toda a população, enquanto que antes eram quarenta ou sessenta. Caso procedesse este argumento, realmente não teríamos alternativa. Mas esta conta é falaciosa, quando não, mentirosa.

Os que hoje se dizem agricultores, no contexto geral da economia da nação, são apenas pecinhas numa gigantesca estrutura industrial e burocrática, que inclui campos de petróleo, refinarias, siderurgias, fábricas de tratores e combinadas, indústria química, transportes, indústria de "beneficiamento" de alimentos que mais merecem o nome de indústrias de denaturação e contaminação de alimentos e muita, muita coisa mais. O economista moderno, em suas estatísticas vê a fábrica de equipamentos agrícolas como indústria metalúrgica, mas isto é agricultura. A fábrica de agrotóxicos e adubos é tida como indústria química, mas deveria contar como agricultura, porque faz parte do moderno esquema de produção e distribuição de alimentos. Se fizermos a conta completa, somarmos todas as horas de trabalho, direta ou indiretamente ligadas à produção e distribuição de alimentos, facilmente chegaremos também a quarenta por cento ou mais. Inclusive as horas de trabalho necessárias para ganhar o dinheiro para pagar o imposto que sustenta os subsídios (em nosso caso, repor as perdas da inflação) terão que ser adicionadas. Veremos que em termos de mão-de-obra houve pouco ganho. Houve, isto sim, uma redistribuição de tarefas. A pessoa sentada diante do computador no banco, que cuida dos créditos agrícolas, pode não considerar-se agricultor e nunca ter visto de perto uma lavoura, mas está neste negócio. Quem fizer cálculos completos e comparar atentamente, verá que o camponês tradicional também era mais eficiente em termos de produção por hectare. Diferença fundamental - a agricultura tradicional, camponesa, como a da Europa ou da China, era indefinidamente sustentável, a chinesa já dura três mil anos. A agricultura moderna não é sustentável. Além disso, ela tem horríveis custos sociais e tremendos custos ambientais. Em termos globais, centenas de milhões de pessoas foram marginalizadas pelo que friamente chamamos de "êxodo rural". Os mais velhos se lembram muito bem, nossas grandes favelas começaram a surgir e crescer desde a década de quarenta.

Quando eu estudava agronomia, na mesma década, toda a pesquisa agrícola estava dirigida à melhora dos métodos orgânicos e ecológicos, sem que lhes déssemos esse nome. Dali para diante, a indústria foi tomando conta, conseguiu redirecionar ensino, pesquisa e extensão agrícola. Por favor, não me entendam mal, não estou pleiteando a volta a uma agricultura camponesa primitiva. Com o conhecimento científico que hoje temos, poderíamos já estar fazendo uma agricultura ecologicamente racional e socialmente justa, com estilo de vida, no campo, mais agradável e sadio que a vida nas atuais cidades.

Quem souber fazer contas, que estude de perto a produtividade dos modernos campos de concentração de galinhas, dos calabouços de porcos e dos confinados de gado. Verá que, na maioria dos casos, estamos destruindo mais alimento do que produzimos, e isto, com grandes estragos ambientais e sociais e enormes custos de energia. O que aumenta é a concentração de poder industrial.

Não vamos entrar em outros campos, como o da energia, do transporte e mais alguns. Importante é que nos demos conta de que são promovidas hoje não necessariamente tecnologias racionalmente concebidas para resolver de maneira simples, menos agressiva, mais ecológica, problemas de reais necessidades humanas. Não, o que se promove e impõe, são tecnologias e estruturas que concentram poder.

Devemos, portanto, aprender a distinguir entre tecnologias "duras" e "suaves". Mas hoje, em nossa atual cultura, a grande maioria das pessoas é completamente ignorante naquilo que mais esta cultura caracteriza, em Ciências Naturais e em Tecnologia. Não tem condições, portanto, de distinguir. Isto é um desastre político-cultural que, quanto menos é levado em conta pelos políticos, tanto maior ele é. Estes costumam ser os mais ignorantes e mais safados, e que, quase sempre, aceitam como seus, os argumentos da Tecnocracia.

Quando um empresário diz: "isto não podemos fazer, não é econômico", ou "não tem outra maneira de fazê-lo, seria antieconómico", ele está pensando na economicidade de sua empresa. Mas, o político deveria pensar na economicidade para a Nação. Quando a política confunde economicidade de empresa com economicidade nacional, está aceitando cegamente aquele argumento de um dos chefões da General Motors que dizia: "What´s good for GM is good for the USA." O que é bom para minha empresa, é bom para o país? Nem sempre!

Mil aspectos mais poderíamos citar e elaborar, sobre como hoje o poder e a criação de dependência são sustentados pelas tecnologias duras, e como as tecnologias verdadeiramente humanas, racionais e ecológicas são desmoralizadas, combatidas e suprimidas. Quero, com isso, motivar muitos jovens inteligentes, com preocupação social e ecológica a que ampliem seu horizonte científico, técnico, cultural e ético, e passem a examinar com atenção nossa atual civilização. Que participem, então, da necessária revolução ética, sem a qual não teremos futuro.


http://www.fgaia.org.br/texts/t-cietec.html

domingo, 24 de outubro de 2010

Encontros Para Mulheres


“Vida é movimento constante, é superar-se a cada instante”.

Conhecer-se é fundamental para nos movimentarmos em nossa vida com alegria e segurança. E o único momento em que nos sentimos seguros é quando estamos em nós, do nosso lado e na nossa consciência do EU em MIM. Somos Seres Multidimensionais com infinitas possibilidades e nos expressamos constantemente na vida. Por esse motivo, gostaria de convidá-las a participar de um encontro semanal com 10 mulheres, durante o mês de novembro, onde cada uma poderá ser trabalhada individualmente.

Nesses encontros teremos as seguintes experiências:
- Exercícios com musicas para sensibilizar o corpo e expressar os sentimentos através do movimento, da expressão corporal e da dança livre;
- Energias em trânsito: Aprender a perceber, a entender e a lidar com elas;
- Sensibilizar os sentidos para perceber o que te paralisa, o que não te deixa fluir e o que está te impedindo de caminhar na sua vida com Liberdade de Ser você mesma;
- Retomar a consciência das forças que temos, refazendo a união com nosso Poder Feminino;
- Sensitividade e Limites: Percepção de mim e percepção do outro. O que sou eu e o que é o do outro?
- Autocura e cura do outro. Como fazer?
- Como viver com mais alegria e prazer? Juntas, poderemos descobrir como fazer.
Serão 04 encontros, sempre as sextas - feiras, para juntas vivermos esta aventura!

Maria Amelia Licatti Terapeuta Metafísica Transenergética e Corporal

Dias dos encontros: 05, 12, 19 e 26/11.
Horário: das 10:30 às 11:30h.
Investimento: R$ 120,00 o pacote com 04 encontros.

Espaço Vida e Consciência Rio
Rua Santo Amaro 119, Bairro da Glória
CEP:22211-230 - Rio de Janeiro - RJ
Tel.:(21) 3509-0200

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

COROAS

Mirian Goldenberg

Quando fiz 40 anos entrei em uma crise profunda e inesperada. Fui, pela primeira vez, a uma dermatologista para que ela me receitasse algum hidratante e um filtro solar, produtos que nunca tinha consumido até então. Após um breve exame da minha pele, ela, observando atentamente meu rosto, perguntou: "Por que você não faz uma correção nas pálpebras? Elas estão muito caídas. Você vai ficar dez anos mais jovem." Sem me dar tempo para responder, continuou: "Por que você não faz um preenchimento ao redor dos lábios? E botox na testa para tirar as rugas de expressão? Você vai rejuvenescer dez anos." Paguei a cara consulta, que ficou mais cara ainda, pois provocou uma crise existencial que durou quase um ano. "Faço ou não faço a cirurgia nas pálpebras? E o preenchimento nos lábios? E o botox na testa? Se eu fizer tudo o que ela me recomendou, poderia ficar dez anos mais jovem. Eu sou culpada por estar envelhecendo. A culpa é minha!"

O mais surpreendente é que nunca havia tido esse tipo de preocupação antes dessa visita. Confesso que fico feliz quando dizem que pareço ser muito mais jovem do que realmente sou, especialmente quando os mais generosos (ou mentirosos) dizem que pareço ter 37 anos. A dermatologista me fez enxergar rugas e flacidez que antes eram invisíveis para mim e que, a partir de então, passei a desejar eliminar para "ficar dez anos mais jovem". Em minhas palestras e aulas, costumo dizer que tive e tenho muita vontade de fazer todos os procedimentos para o rejuvenescimento presentes no mercado. Digo, de forma irônica, que só não faço tudo o que gostaria por motivos profissionais: para não perder a legitimidade que conquistei como crítica dessa ditadura da juventude e da perfeição. Na verdade, não fiz e não faço, pois tenho muito medo de transformar o meu rosto, de não gostar de me ver com a face paralisada ou esticada demais. Gosto e me sinto muito bem com o corpo que tenho hoje e ainda não sinto o estigma de ser uma coroa.

Mergulhei profundamente na crise dos 40, saí dela após um ano de sofrimento e comecei a brincar com o fato de estar envelhecendo. Alguns anos depois, como forma de criar uma resistência política lúdica, inventei o grupo Coroas, composto por mulheres de mais de 50 anos. Tentei seduzir minhas amigas para participarem dele e todas recusaram veementemente. Algumas disseram: "Se for Coroas Enxutas eu participo." Outras: "Se for Jovens Coroas ou Coroas Gostosas, pode ser." A maioria reagiu indignada: "Eu não sou uma coroa!" Um amigo me disse que se eu nomeasse o grupo com K, Koroas, talvez tivesse mais sucesso, pois ficaria muito mais chique. Após uma palestra em Copacabana, na qual defendi a criação do Coroas, um grupo de mulheres sugeriu que eu desse um curso intitulado "A arte de envelhecer, com Mirian Goldenberg" ou "Como ser uma coroa sem sofrer". Em uma reunião, em Porto Alegre, para pensar a criação de novos programas de televisão, sugeri que fosse feito um com o nome Coroas, mostrando a vida de diferentes mulheres comuns que passaram dos 50 anos. Apesar de todos gostarem muito da idéia, ela não se efetivou.

E assim, até hoje, sou a fundadora e única integrante do grupo Coroas. Em todos esses anos de tentativas frustradas de difundir a idéia do Coroas, percebi que é mais fácil criar um grupo com indivíduos que são explicitamente estigmatizados do que com aqueles que podem e querem esconder o possível estigma. Um bom exemplo é o do grupo Criolinhas, estudado em dissertação de mestrado por uma aluna. As adolescentes negras pesquisadas passaram a usar um termo usual de acusação, criola, como categoria de afirmação de uma identidade valorizada por elas. Eu queria fazer o mesmo com o termo coroa: transformar uma categoria de acusação em uma identidade valorizada positivamente por todas as mulheres que estão envelhecendo. Mas o fato de o estigma poder ser encoberto, o fato de as mulheres de mais de 50 anos acharem que não são coroas ou que podem parecer mais jovens do que realmente são e o fato de não se sentirem valorizadas socialmente ao assumirem a própria idade impossibilitaram a criação do meu grupo.

Como não consegui, até hoje, viabilizar a existência do grupo Coroas, do programa de televisão ou de qualquer outra idéia semelhante, resolvi que o meu livro mais recente teria como título Coroas. Assim, me assumi publicamente como fundadora, única integrante e militante ativa do grupo Coroas e também apresentei algumas reflexões iniciais sobre o envelhecimento feminino. O título é resultado do questionamento permanente sobre o significado de ser mulher na cultura brasileira e é, também, uma forma de resistência política. Busco desestigmatizar a categoria coroas e combater todos os estereótipos e preconceitos que cercam a mulher que envelhece.

Coroas sem adjetivos e sem K. Simplesmente Coroas.


MIRIAN GOLDENBERG - antropóloga, professora da UFRJ e autora de "Coroas: corpo, envelhecimento, casamento e infidelidade" (Ed. Record)
Fonte:http://miriangoldenberg.com.br/content.php?option=com_content&task=view&id=91&Itemid=106

sábado, 16 de outubro de 2010

Inca se mobiliza para diminuir morte por câncer de mama


O Instituto Nacional de Câncer (Inca), vinculado ao Ministério da Saúde, lançou hoje no Rio de Janeiro recomendações para reduzir a mortalidade por câncer de mama no Brasil. São sete orientações que destacam as prioridades de ação para o controle da doença, responsável por cerca de 11 mil mortes por ano no País, segundo comunicado do órgão. "Destinado à população em geral e a profissionais e gestores do Sistema Único de Saúde (SUS), o documento faz parte das comemorações do Outubro Rosa, mês de mobilização mundial em torno do tema", informa o texto.

A primeira recomendação é que "toda mulher tenha amplo acesso à informação com base científica e de fácil compreensão sobre o câncer de mama". "Temos um desafio de comunicação", de acordo com o diretor-geral do Inca, Luiz Antonio Santini. "Com os investimentos feitos nos últimos anos pelo Ministério da Saúde, hoje temos condições de fazer recomendações que o gestor de cada instância de governo, a sociedade e cada cidadão individualmente tem capacidade de implementar", disse o diretor-geral.

Impressas em um folheto que será distribuído à população, as sete recomendações alertam para a necessidade de a mulher ficar atenta aos primeiros sinais e sintomas da doença e buscar avaliação médica. O informe também destaca que "consideram como direito da mulher com nódulo palpável e outras alterações suspeitas na mama receber diagnóstico no prazo máximo de 60 dias", além de reforçar a necessidade da realização de mamografia a cada dois anos para mulheres na faixa etária de 50 a 69 anos, "já que a detecção precoce em mulheres saudáveis nesse período reduz a mortalidade".

A quinta recomendação diz sobre a necessidade de que os serviços de mamografia façam parte de programa de qualidade, com certificação visível para as usuárias. A sexta orientação informa sobre formas de prevenção: controle do peso e do consumo de álcool, além da prática da amamentação e de atividades físicas. Por fim, o último item alerta sobre o aumento do risco der câncer de mama com a adoção de terapias de reposição hormonal no período pós-menopausa, que deve ter rigoroso acompanhamento médico, diz o comunicado do Inca.

O País terá 500 mil novos casos de câncer por ano, segundo a Estimativa 2010 - Incidência de Câncer no Brasil, produzida pelo órgão. Desses, 49.240 são relativos aos tumores de mama. A Política Nacional de Atenção Oncológica, publicada pelo Ministério da Saúde, em 2005, considera o câncer de mama como prioridade.

FONTE:http://www.estadao.com.br/noticias/geral,inca-se-mobiliza-para-diminuir-morte-por-cancer-de-mama,625315,0.htm


No DIA 17/10, no Aterro do Flamengo
9hs às 16 hs
Amor pela vida
PARTICIPE


A Campanha no Brasil integra-se ao movimento mundial Avon, ganha novo nome e símbolo: o Laço Rosa

Só neste ano, surgirão cerca de 50 mil casos novos de câncer no Brasil, e mais de 10 mil mulheres morrerão por causa dessa doença.

Mobilizações pela causa acontecerão por todo o País de 15 e 31 de outubro, mês mundial da luta contra o câncer de mama.


quinta-feira, 14 de outubro de 2010

zanauniv | 28. set. 2010

sábado, 9 de outubro de 2010

Doce tensão


Por que as mulheres têm vontade de
comer chocolate durante a TPM?
Saiba os motivos e como reduzir esse desejo
com pequenas mudanças na alimentação.
Por Marjorie Ribeiro


TPM Alívio é o nome do mais recente lançamento da marca gourmet Maria Brigadeiro. Isso mesmo que você leu, o novo remedinho para reduzir a tensão daquela semana chata anterior à menstruação vem sim em uma caixa em formato de medicamento, mas contém oito brigadeiros de diferentes sabores.

Não fica difícil imaginar como a proprietária do ateliê, Juliana Motter, teve essa ideia genial. Devorar uma panela inteira de brigadeiro ou metade do bolo de chocolate com cobertura pode parecer o grande elixir das mulheres que estão nos inconvenientes dias de inferno particular.

A ginecologista Carolina Ambrogini explica que esse desejo se dá porque os doces possuem triptofano, o aminoácido que é sintetizado para formar a serotonina. E é justamente esse neurotransmissor, responsável por modular o humor, que está em baixa durante o período que antecede o ciclo menstrual da mulher, provocando angústia, ansiedade e irritação.

Assim, ao consumir alimentos ricos em triptofano, como o chocolate, ocorre um acréscimo imediato da serotonina no cérebro e a conseqüente sensação de relaxamento. Mas não se engane, porque o efeito é semelhante ao de uma droga. Logo depois, esse nível cai bruscamente e retorna o nervosismo com ainda mais intensidade.

Por isso, antes de se esbaldar em açucaradas delícias, lembre-se que o prazer é apenas momentâneo e que, em seguida, seu humor pode ficar muito pior. A dica da Ambrogini é trocar o doce por uma fruta suculenta e se for realmente consumir quitutes, prefira os feitos com frutas, evitando ao máximo a ingestão de chocolate, o grande vilão da tensão pré-menstrual.


Inimigos da TPM

A nutricionista Mônica Beyruti acrescenta que "a sacarose, que é o açúcar simples, age determinando a liberação de endorfina". O hormônio é o mesmo produzido depois da atividade física e causa o sentimento de euforia e prazer. Ou seja, por incrível que pareça, correr, andar de bicicleta ou realizar qualquer outro tipo de exercício desperta a mesma prazerosa sensação que ingerir um doce - além de desviar a atenção do estresse e todos os incontáveis benefícios para a saúde do corpo e mente.

No período em que os hormônios estão à flor da pele não é também recomendado consumir cafeína - presente em café, chá preto, mate, coca-cola e guaraná - já que o estimulante pode aumentar a tensão. Outros alimentos que podem agravar o quadro são as comidas com muito sal, pela retenção de líquido, e as gordurosas. "A gordura animal influencia diretamente nos níveis de estrogênio sangüíneo, e o excesso dele no sangue contribui para os sintomas da TPM", afirma Beyrutti.


Alívio à tensão

Incluir determinados nutrientes na dieta pode amenizar a fome descontrolada e outros efeitos da tensão pré-menstrual. "As fibras ajudam o organismo a desintoxicar e manter a glicemia (açúcar no sangue) estável, dessa maneira, não sentimos vontade de beliscar o dia todo", explica Beyrutti. Pães integrais, cereais, frutas e vegetais são grandes fontes de fibras.

Além disso, como ocorre uma redução do magnésio nas células vermelhas durante esses dias, reponha com abacaxi, vagens, castanhas, nozes, cenouras e folhosos verde-escuros. Outros nutrientes que estão em falta no organismo são o cálcio e a vitamina B6, que podem ser encontrados, principalmente, em derivados do leite.

Alimentos com vitamina B, como cereais integrais e vegetais verdes escuros, além de diminuir a ânsia por quitutes, auxilia também na redução das típicas dores de cabeça e irritabilidade. E para completar, beba muita água, chás, sucos naturais e água de coco, que ajudam a desintoxicar e a desinchar.

Uma alimentação balanceada pode reduzir os efeitos aterrorizantes da TPM, mas infelizmente, não há uma dieta mágica que acabe de vez com o sofrimento desses dias. Por isso, se a sua tensão pré-menstrual for intensa ponto de prejudicar o dia-dia, procure um especialista. A ginecologista Ambrogini conta que, muitas mulheres optam por tomar anticoncepcionais para controlar os hormônios, mas que em casos extremos, é indicado tratamento com antidepressivos, que modulam a serotonina.

FONTE:
http://www.guiadasemana.com.br/Rio_de_Janeiro/Mulher/Noticia/Doce_tensao.aspx?ID=67603

domingo, 3 de outubro de 2010

Profissional x mãe

Por Camila Silveira


Há algumas décadas, era raro ver uma mulher ocupando um cargo gerencial. Mas os anos se passaram e a realidade mudou. Hoje, empresas já contam com a presença feminina em altas posições e, com isso, além das responsabilidades, as viagens de negócios também costumam aumentar. Consequentemente, o tempo para curtir os filhos fica mais escasso ainda. Mas como administrar temporadas longe da criança sem sentir se sentir culpada?

Segundo o psicoterapeuta Alessandro Vianna, normalmente mães que têm de viajar a trabalho sentem-se extremamente culpadas e alimentam uma crença de que não podem acompanhar o desenvolvimento de seus filhos. "Mas isso é um engano. Elas devem se esforçar para ter esse acompanhamento e acharão meios para conseguir isso mesmo à distância. Essa crença pode gerar uma enorme angústia, levando até a problemas emocionais mais profundos", afirma.


Ausência sem culpa
Para Vianna, a culpa acaba sendo um "amor egoísta", ou seja, as mães se preocupam muito mais com o que estão sentindo do que com o que é realmente mais indicado para o filho ou com os sentimentos dos pequenos. "Às vezes, deixar uma pessoa bem instruída com a criança pode ser muito melhor do que uma mãe angustiada ou estressada cuidando de seu filho. A figura materna tem o papel fundamental na educação e, quando estiver ausente, deve orientar a melhor maneira de educar", diz.

Outro receio que invade a mente das mulheres quando precisam ficar ausentes por um certo período é se a distância causará algum tipo de trauma na criança. De acordo com a psicóloga Ana Cássia Maturano, tudo dependerá de como será essa ausência, por quanto tempo, como foi preparação para isso, sua idade, quem serão os cuidadores e o contato que a mãe manterá com o filho quando estiver fora.

"Bebês muito novos não devem ficar separados das mães. Estima-se que uma idade adequada para que a criança consiga sem grandes problemas ficar longe da figura materna por dias seja a partir dos três anos", sugere a psicóloga. Segundo Ana Cássia, a melhor forma de lidar com a culpa é assumir o quanto o trabalho é importante para sua vida, o que não quer dizer que você não ama seus filhos.


Compensação material
Mesmo tendo consciência de tudo isso, muitas pessoas ainda se cobram por ter que deixar os pequenos por alguns dias devido a tarefas profissionais e, assim, acabam compensando a ausência com coisas materiais. No entanto, segundo a especialista, isso não deve acontecer. "A falta que a criança sente da mãe deve ser suprida por um futuro contato com ela, e não por uma ida ao shopping em que poderá escolher qualquer brinquedo", alerta.

No início da carreira, a gerente de recursos humanos Patrícia Carvalho de Moraes, 35 anos, viajava muito a trabalho e, por isso, tinha que deixar sua filha, Milena, que hoje tem 8 anos. Ela ficava de dois a cinco dias longe de casa e sempre se sentia culpada. "Era muito ruim, porque eu queria levá-la comigo, mas não era possível. Para compensar, sempre prometia trazer um monte de presentes", conta.

Contudo, segundo o psicoterapeuta Alessandro Vianna, as mães cometem um grande erro ao tentar compensar. "Dando presentes em excesso, o filho poderá confundir o material com o sentimental, ou seja, podem pensar que 'as pessoas que me amam têm que me dar algo'", diz. "Não podemos nos esquecer de que o abraço, o carinho, horas agradáveis com o filho são muito melhores para formação de sua personalidade do que um brinquedo", completa.


Sempre por perto

Para a psicóloga Rita Romaro a criança sente falta, gostaria de ter a mãe por perto, mas quando existe um bom vínculo mãe-filho, essas coisas podem ser expressas, ouvidas, conversadas, de modo que não sejam interpretadas como cobranças, abandono e negligência. "O que mais atrapalha é a culpa, que acaba impossibilitando de ouvir a criança, de colocar-lhe limites e de desempenhar o papel materno, que é orientar, caminhar junto".

A psicóloga explica que é importante manter contato com a criança durante a ausência por telefone, webcan, entre outros recursos, e, principalmente, conversar com ela antes de cada viagem, explicando calmamente o número de dias que ficará fora e o motivo da distância. "Sempre podemos acompanhar o desenvolvimento de um filho, dando-lhe banho (mesmo que não seja todos os dias), fazendo algumas refeições em conjunto, brincando, enfim, reservando um tempo para estar com ele, longe de celular e e-mail".

Durante a viagem, também é importante deixar a criança com alguém de confiança e não mudar a rotina dela. "Devemos deixar os filhos sempre com pessoas um que confiamos, nas quais percebemos coerência e respeito no ato de coeducar. Podem ser avós, babás, papai, desde que respeitem a forma da mãe educar. Até por uma questão de coerência, eles devem fazer o que a ela acredita ser melhor para a educação de seu filho", afirma Vianna

Confira as dicas do psicoterapeuta Alessandro Vianna para amenizar a ausência e a distância.
  • Conversar pela Internet através de vídeo em um horário bom para a criança, com um papo muito alegre, falando de coisas positivas, dando notícias agradáveis, incentivando o pequeno a curtir as coisas boas do seu dia;
  • Mandar e-mails com fotos do lugar onde está e mostrar cenas interessantes, o que faz com que seu filho viaje também e amplie sua cultura.
  • Trazer uma lembrança do local onde esteve - nada de valor material, mas curiosidades ou algo de valor cultural.
  • Conseguir um tempinho maior na volta para a criança, para que ela saiba que há alternâncias, com momentos de um pouco de renúncia e outros de muita felicidade. Contar momentos bons da viagem que fez para que a criança entenda e saiba valorizar também.
  • Antes de viajar, partilhar com o pimpolho um clima de expectativa positiva, mostrar a cidade que será visitada pela Internet e pedir sugestão de algum passeio ou comida. Assim, ao invés de odiar qualquer parte do mundo que tire a sua mãe de seu convívio, pode ser que a criança peça para visitar nas férias algum desses lugares.


Fonte: http://www.guiadasemana.com.br/Rio_de_Janeiro/Mulher/Noticia/Profissional_x_mae.aspx?ID=67558