- 2% das mulheres se descrevem como belas
- 59% acreditam que mulheres fisicamente atraentes são mais valorizadas pelos homens
- 68% concordam que a mídia utiliza padrões irreais e inatingíveis de beleza
- 75% querem que a mídia retrate a beleza com pessoas normais
- 76% dizem que a mídia retrata a beleza baseada mais na atratividade física do que na beleza
- 77% disseram que a beleza pode ser alcançada também por meio das atitudes e outros atributos não relacionados com a aparência física
- 54% das brasileiras já considerou submeter-se a cirurgia plástica
Na ânsia de se enquadrar nos atuais padrões de beleza, milhares de pessoas travam uma busca insaciável pela perfeição física. Para obter o corpo escultural e a aparência jovial, enfrentam cirurgias plásticas, experimentam os mais variados tipos de tratamento, alteram hábitos alimentares, entre tantas outras alternativas.
Mas o que é ser bonita? Será que essa busca incessante significa sempre saúde e bem-estar ou se dá apenas pela necessidade de alcançar o padrão estabelecido?
Salvador Dali: Maquette of the scenery for 'Labyrinth'Para obter respostas reais a essas perguntas e saber mais sobre beleza, auto-estima e os efeitos da mídia no universo feminino, Dove, marca da Unilever, encomendou uma pesquisa global à empresa StrategyOne, com coordenação das doutoras Nancy Etcoff, cientista, psicóloga e professora da Harvard University (EUA), e Susie Orbach, psicanalista da London School of Economics e autora de nove livros.
Envolvendo 3.200 mulheres, entre 18 e 64 anos de idade, de dez países (entrevistas realizadas entre fevereiro e março de 2004), EUA, Canadá, Inglaterra, Itália, França, Portugal, Holanda, Brasil, Argentina e Japão, o estudo identifica os componentes dos novos padrões de beleza, incluindo felicidade, relacionamento, autoconhecimento e cuidados pessoais. E conclui que as mulheres estão mais propícias a estarem satisfeitas com suas vidas e seu bem-estar. No entanto, um número muito baixo delas se define como 'bela'.
A maioria das mulheres está insatisfeita com sua beleza e atratividade física. Para elas o peso e a forma do corpo ainda incomodam. As mulheres japonesas têm o maior índice de insatisfação física (59%), seguidas pelas brasileiras (37%), inglesas e norte-americanas (36%), argentinas (27%) e holandesas (25%). Não é à toa que o ranking de países que mais fazem plástica no mundo, em todas as idades, tem Estados Unidos, México e Brasil, consecutivamente, nas primeiras colocações. As informações são da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps - International Society of Aesthetic Plastic Surgery), com dados referentes a 2003.
O Brasil possui um dos menores índices de satisfação com a beleza. Apenas 1% das mulheres se descreve como 'bonita', e 6% como 'bela'. O único país abaixo desse índice é o Japão, com 0%. Além disso, o Brasil é um dos países que mais valoriza as modelos: 13% afirmam que só as 'top-models' são verdadeiramente bonitas.
A pesquisa mostra que 54% das brasileiras já considerou submeter-se a cirurgia plástica e 7% relatam ter feito algum tipo de intervenção, a taxa mais alta entre os países pesquisados.
'Hoje em dia, a mulher média compara seus dotes genéticos com os de algumas poucas modelos escolhidas a dedo. Apesar da beleza surreal, a mídia insiste que essa beleza é alcançável por meio de trabalho árduo, esforço e a compra do produto certo. No passado, invejávamos nossos vizinhos, porque este era o mundo que conhecíamos. Deve ter sido um pouco mais confortante: uma coisa é vencer o concurso local de beleza, outra é ser confrontada com o 1% 'top' do mundo', afirma a pesquisadora Nancy Etcoff. Para ela, a mídia é, de certa forma, responsável pelo aumento da insatisfação das pessoas com seus corpos, ao retratar e destacar apenas tipos exuberantes de físico.
Como parte inicial da metodologia da pesquisa, foi desenvolvida uma revisão literária sobre beleza. Para que o estudo ganhasse 'corpo' e pudesse se encaixar nos diferentes padrões mundiais, foram analisadas pesquisas acadêmicas, artigos jornalísticos, internet e diversas publicações.
Este trabalho possibilitou uma melhor compreensão global do assunto e revelou alguns dados tão curiosos como alarmantes. Um artigo no jornal ´Time Asia`, de 2001, por exemplo, relata que as chinesas estão se submetendo a cirurgias para extensão das pernas por acreditarem que isso as ajudaria no mercado de trabalho. Em Israel, pesquisadoras concluíram que a anorexia nervosa aumentou assustadoramente, provavelmente como conseqüência das mudanças culturais e a influência dos valores ocidentais. Outro estudo analisado mostrou que culturas isoladas adotaram rapidamente padrões ocidentais, uma vez expostas à televisão.
No British Journal of Pyscghiatry, em 2002, pesquisadores da Harvard Medical School descobriram que as mulheres das Ilhas Fiji - expostas à televisão - aumentaram drasticamente o desejo por dietas. A Dra. Anne Becker, chefe da pesquisa, entrevistou dois grupos de meninas de Fiji algumas semanas antes da chegada da televisão, em 1995, e depois, novamente em 1998. Na primeira parte do estudo, a dieta foi classificada como um conceito 'não familiar'. Três anos depois, 69% das meninas tinham se submetido a dietas, três quartos se sentiam 'muito grandes ou gordas' e um oitavo sofria de bulimia. O estudo conclui que 'o impacto da televisão parece ser especialmente profundo, dadas as antigas tradições culturais que anteriormente pareciam proteger contra dietas, purgação e insatisfação corporal no País'.
FONTES:
http://www.gatda.psc.br/imagem.htm#Uma
www.comunique-se.com.br/images/mail/coletivas/.../estudo.doc