"Há sempre algo de ausente que me atormenta."
"Tatear as formas, conceber amor com doçura e só encontrar espinhos, rosa murcha, e desejo pálido. Tatear o barro, o mármore do mundo e abraçar vazio o oco do destino, aflição, vapor. Ir à foz com sede e deparar com a lama revolvendo úmida a fonte, a água clara,
sujando a joia rara".
"Tua força interior e tuas convicções não tem idade. Teu espírito é o espanador de qualquer teia de aranha. Atrás de cada linha de chegada, há uma de partida. Atrás de cada trunfo, há outro desafio. enquanto estiveres vivo. Se sentes saudades do que fazias, torna a fazê-lo. Não vivas de fotografias amareladas. "
— Camilie Claudel
Camille Claudel, escultura francesa,
Seu pai, maravilhado com seu estupendo e precoce talento que, ainda na infância, produziu esculturas de ossos e esqueletos com impressionante verossimilhança, oferta-lhe todos os meios de desenvolver suas potencialidades, a colocando em escolas e cursos de primeira linha.
O sonho de Camille é ser uma escultora de sucesso e vê essa vontade ameaçada pela mãe, que acha que ocorrem muitos gastos com a educação da menina.
Em 1881, já com 17 anos, sai de casa para ir em busca de seu grande sonho. Parte para Paris e ingressa na Academia Colarossi, uma escola que forma artistas escultores. Ela teve por mestres Alfred Boucher e Auguste Rodin. É dessa época que datam suas primeiras obras que nos são conhecidas: A Velha Helena (La Vieille Hélène — coleção particular) ou Paul aos treze anos (Paul à treize ans - Châteaurox).
Rodin, impressionado pela solidez e tamanha beleza de seu trabalho, admite-a como aprendiz de seu ateliê. É nesse momento que ela colaborará na execução das Portas do Inferno (Les Portes de l'Enfer) e do monumento Os Burgueses de Calais (Les Bourgeois de Calais).
Tendo deixado sua família pelo amor a escultura, ela trabalha vários anos a serviço de seu mestre, por quem é secretamente apaixonada, e ela se mantém à própria custa, já ela ganha salário como aprendiz. Por vezes, a obra de um e de outro são tão próximas que não se sabe qual obra de seu professor ou da aluna. As vezes se confunde em quem inspirou um ou copiou o outro, pois Camille faz tão bem seu trabalho que parece que a anos ela trabalha com arte. Suas esculturas e as de Rodin são muito idênticas, fato que aproxima os dois.
zeldasil em 13/01/2012
O tempo passa e Camille e Rodin se envolvem, e têm um caso ardente de amor. Camille Claudel, porém, enfrenta duas grandes dificuldades: De um lado, Rodin não consegue decidir-se em deixar Rose Beuret, sua namorada, e de outro lado, alguns afirmam que suas obras seriam executadas por seu próprio mestre, ou seja, acusam Camille de ter copiado todos os trabalhos de seu professor em vez dela mesma fazer. Muito triste e depressiva pelas acusações e por Rodin ainda ter outra mulher, Camille tentará se distanciar de Rodin e a fazer suas obras de arte sozinha. Percebe-se muito claramente essa tentativa de autonomia em sua obra (1880-94), tanto na escolha dos temas como no tratamento: A Valsa (La Valse — Museu Rodin) ou A Pequena Castelã (La Petite Châtelaine, Museu Rodin). Esse distanciamento segue até o rompimento definitivo em 1898. A ruptura é marcada e contada pela famosa obra de título preciso: A Idade Madura (L’Age Mûr – Museu d'Orsay).
Ferida e desorientada, ainda mais por descobrir que seu romance com Rodin não passou de uma aventura para ele e que ele prefeiu a namorada, Camille Claudel passa a nutrir por Rodin um estranho amor-ódio que a levará à paranóia e a loucura. Apesar do apoio de críticos como Octave Mirbeau, Mathias Morhardt, Louis Vauxcelles e do fundidor Eugène Blot, seus amigos, ela não consegue superar a dor da saudade. Eugène Blot organiza duas grandes exposições, esperando o reconhecimento e assim um benefício sentimental e financeiro para Camille Claudel, pois ele quer ajudar a amiga em dificuldade. Suas exposições têm grande sucesso de crítica, mas Camille já está doente demais para se reconfortar com os elogios. Ela passa a ficar estranha e obscessiva, querendo a morte de Rodin. Ela passa a se lembrar de seu passado, a mãe a impedindo de ser uma artista e lembranças ruins da infância passam a sufocá-la cada vez mais.
Depois de 1905, os períodos paranóicos de Camille multiplicam-se e acentuam-se. Entre seus sonhos doentes, ela acredita que Rodin roubará suas obras de arte para moldá-las e expô-las como suas, ou seja, ela acha que Rodin roubará as esculturas e falará que foi ele quem fez. Ela passa a falar sozinha e a chorar muito, e passa a ter ideias de suicídio. Ela se isola e como mora sozinha no hotel, ninguém sabe de sua condição, pois ela rompe a amizade com os amigos e passa a querer ficar e viver sozinha em seu quarto. Ela se mantém vendendo as poucas obras que ainda lhe restam.
Seu pai, seu porto-seguro, a única pessoa que a mais entendeu na sua vida, morre. O que agrava ainda mais sua depressão e a faz sair da realidade mais ainda. Ela entra em uma crise violenta e é internada no manicômio de Ville-Evrard.
sonysloba em 05/06/2010
A eclosão da Primeira Guerra Mudial a levou a ser transferida para Villeneuve- lès- Avignon onde morre, 78 anos, após trinta anos de internação e desespero.
A força e a grandiosidade de seu talento estavam na verdade em um lugar muito incômodo: entre a figura legendária de Rodin e a de seu irmão que se tornou um dos maiores expoentes da literatura de sua geração. E não é difícil ler que as questões de gênero permeiam esse lugar menor dedicado a Camille.
Seu gênio sufocado por dois gigantes, sua vida sufocada por um abandono, suas forças e sua lucidez esgotadas por uma relação umbilical com seu mestre e amante, o homem de sua vida que não a quis. Uma relação da qual não conseguiu desvencilhar-se, consumindo sua vitalidade na vã tentativa de desembaraçar-se desse destino perverso. Camille Claudel, sua forte personalidade, sua intransigência, seu gênio criativo que ultrapassou a compreensão de sua época, como afirma o personagem de Eugène Blot no filme, permanecerá ainda e sempre um Sumo Mistério. Ela tinha uma inteligência e um talento fora do comum e poucas pessoas da época entendiam seu grande dom para ser uma verdadeirta artista.
Paul sentiu enorme remorso por ter permitido que ela fosse internada em um hospício durante três décadas. Ele pensou ser o melhor para a irmã, que de repente desenvolveu esquizofrenia, por conta de um abandono amoroso.
No fim da vida, tornou-se um dos principais divulgadores da obra de Camille, uma forma de pedir perdão, já que a irmã ficou amarrada por trinta anos, sem poder ver a luz do sol, até a sua penosa morte.
O filme "Camille Claudel (França, 1988 - California Filmes) relata a vida da escultora. Conta com a direção de Bruno Nuytten e a participação de Isabelle Adjani como Camille e Gérard Depardieu como Rodin.
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